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Ela e ele
Ele nunca estava disponível, ela era solícita e sempre queria ir a algum lugar mais interessante do que o sofá de casa ou a escrivaninha do quarto. Ele sempre tentava convencê-la a ficar assistindo a algum filme dos anos 90, ela só ficaria se fosse um clássico em preto e branco com ao menos 50 anos de existência, e isso num domingo a noite. Ela gostava de dançar e não se importava em ouvir Anitta numa festa, ele torcia o nariz para nada que não fosse aprovado por Thelonious Monk. Ela sempre sorria, ele estava sempre distante. Ela conseguia compreender que a vida era muito maior do que seus egos, apesar de que o ego dele estava em constante expansão. Ela tentava ficar longe da rotina, ele necessitava ardorosamente de regras e hábitos. Ela gostava de Basquiat e Jeanne Saville, ele se esgueirava da louça. Ele não fumava maconha, mas falava muito quando bebia. Ela acendia um antes do café da manhã e comia só uma maçã antes do almoço. Ele olhava para o vazio o tempo todo, ela olhava nos olhos e exigia sinal de vida. Não ficaram juntos. Ele foi atropelado pelo carro do sonho. Ela ficou grudada para sempre em uma colagem no porão de sua casa.
FIM
Lynyrd Skynyrd
Seria cômico, se não fosse trágico…
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O Benett aparece aqui igual o sol aparece em Curitiba. Por quê não inverte? Aparece aqui cada vez que chover em Curitiba!
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